Goiás Velho: História Fascinante e Curiosidades de uma Cidade Encantadora
- Simão Pereira Aguiar
- 28 de jul.
- 5 min de leitura
Este blog faz uma homenagem à memória viva da Cidade de Goiás, também conhecida como Goiás Velho — Patrimônio Mundial da Humanidade e berço de histórias, lendas e encantos que atravessam os séculos. Toda informação aqui compartilhada tem como propósito valorizar e divulgar a riqueza cultural, histórica e simbólica dessa joia goiana. Acompanhe, compartilhe e mantenha viva a chama da nossa história.

Goiás Velho: Onde Começa a História de Goiás
O conhecimento cultural e histórico de Goiás é pura brasilidade, com seus costumes próprios, tradição familiar e regional. Um passeio pelas ruas da histórica cidade enriquece a nossa identidade brasileira, recheada de crenças e artes próprias, mas que fazem parte de nossa construção como nação.
Durante o século XVII o bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, organizou uma expedição rumo ao sertão brasileiro. Acompanhado de seu filho de mesmo nome e na época com 12 anos, explorou a mata chegando ao interior do Brasil. Com a morte de Bartolomeu Bueno pai, seu filho tentou refazer a expedição do pai cerca de 40 anos depois, em 1722.
Conhecido então como segundo Anhanguera, Bartolomeu Bueno da Silva conseguiu encontrar ouro nas margens do Rio Vermelho em 1725. A partir de então, fundou o povoado da Barra e depois o Arraial de Sant’Anna. Com a grande quantidade de ouro que foi extraído das minas, a importância econômica da região era tanta para a Coroa Portuguesa, que o pequeno povoado de Arraial de Sant’Anna foi elevado à categoria de Vila, e em meados de 1750 denominado de Villa Boa de Goyas.

De Vila Boa à Capital Histórica de Goiás
A antiga Vila Boa de Goiás foi elevada à capitania geral em 1749, separando-se de São Paulo. Tornou-se cidade em 1818, batizada como Cidade de Goiás, e permaneceu como capital do Estado até 1937, quando o governo foi transferido para Goiânia. Em 1961, para preservar sua importância histórica, o Palácio Conde dos Arcos foi tombado e transformado em residência de inverno dos governadores. Desde então, todo dia 25 de julho, a cidade volta a ser, simbolicamente, capital do Estado durante o chamado Governo Provisório.
Após o período de extração do ouro, a economia goiana no século XVIII e XIX passou a se dedicar mais às atividades ligadas a pecuária e agricultura. No século XX, Goiás desenvolveu a agricultura como principal atividade econômica, e durante as três primeiras décadas do século passado, Goiás continuou atrelado à política oligárquica da Primeira República.
Brasilete Caiado: A Mulher que Fez Goiás Patrimônio da Humanidade
A Cidade de Goiás não é apenas um relicário do Brasil colonial — ela também é um símbolo de resistência cultural. Poucos sabem que a conquista do título de Patrimônio da Humanidade, concedido pela Unesco em 2001, só foi possível graças à força e à articulação de uma mulher determinada: a professora Brasilete Caiado. Educadora apaixonada pela história e pelas tradições goianas, Brasilete liderou o Movimento Pró-Cidade de Goiás Patrimônio da Humanidade, unindo população, entidades, o governo do Estado e especialistas em torno de um objetivo comum.
O trabalho resultou em um dossiê meticuloso que contava a história da cidade em detalhes — de sua arquitetura barroca às festas religiosas, como o famoso Fogaréu. Em Helsinque, na Finlândia, o reconhecimento internacional veio. Infelizmente, Brasilete não pôde ver a vitória com os próprios olhos: faleceu em um trágico acidente em 2003.
Mas sua memória segue viva, preservada nas pedras do casario e nos corações de quem sabe que Goiás é, de fato, patrimônio do mundo.
O Canto Misterioso do Morro do Cantagalo
Entre as colinas que cercam a antiga Vila Boa, hoje Cidade de Goiás, uma lenda resiste ao tempo e à razão. O Morro do Cantagalo, conhecido entre os mais velhos e estudiosos da região, guarda histórias que misturam ouro, mistério e espiritualidade. Conta-se que, nas noites silenciosas, um canto suave e melancólico ecoava pelo morro, como se a própria terra entoasse uma canção ancestral. Alguns juravam ouvir vozes chorosas; outros, um chamado encantado vindo das profundezas do solo.
Segundo a tradição oral, o som enigmático era o lamento dos guardiões invisíveis das minas — entidades espirituais que protegiam as riquezas enterradas, talvez desde os tempos em que os índios Goyazes habitavam aquelas terras. Muitos acreditavam que o canto surgia para alertar ou confundir os ambiciosos mineradores que ousavam procurar pelas supostas jazidas de ouro escondidas no morro. Assim, o Cantagalo se transformou em um lugar de reverência e temor, onde natureza e sobrenatural pareciam se fundir.
Até hoje, há quem evite passar por lá após o pôr do sol. E há também quem vá em busca do canto, na esperança de descobrir não apenas o ouro perdido, mas o segredo que ele guarda.
Goiás: Onde o Tempo Conta Histórias em Ouro, Pedra e Poesia
Goiás, antiga capital do estado e patrimônio da humanidade, é um lugar onde o tempo caminha devagar, como quem respeita a memória de cada pedra do calçamento irregular. A majestosa Serra Dourada, com seus 500 milhões de anos de existência, se ergue como guardiã silenciosa da cidade. Sob a luz do sol, suas escarpas refletem tons dourados que justificam o nome e hipnotizam quem as contempla. Dentro da Área de Proteção Ambiental, com seus 35 mil hectares, a serra abriga trilhas escondidas, cachoeiras cristalinas, nascentes e uma biodiversidade cerratense vibrante, onde o pôr do sol é um espetáculo à parte, capaz de calar até o mais falante turista.
Caminhar por Goiás é passear entre séculos. As construções barrocas sussurram histórias de um Brasil colonial, e cada beco parece guardar um segredo. À beira do rio Vermelho repousa a casa de Cora Coralina, poetisa maior da alma goiana, que hoje acolhe visitantes em seu antigo lar transformado em museu. Nas esquinas se misturam o sagrado e o profano: igrejas centenárias dividem espaço com museus, mercados e casarões públicos.
O Museu das Bandeiras, o Palácio Conde dos Arcos e a charmosa Igreja de São Francisco de Paula são paradas obrigatórias para quem deseja mergulhar na essência da cidade.
Mas Goiás não vive apenas de passado: ela pulsa arte e cultura. As areias coloridas que brotam da Serra Dourada ganham forma nas mãos da artista Goiandira do Couto, em quadros que parecem vivos. Já as peças sacras de Veiga Vale e os afrescos do frei Confaloni são respiros espirituais, verdadeiras orações em forma de imagem. A fé se entrelaça com a arte, e ambas sustentam uma cidade que se orgulha de seu legado.
No alto do Morro do Cantagalo, onde começam as lendas sobre minas escondidas e escravos libertos, a vista se abre para um cenário de cartão-postal. Ali, entre o silêncio do vento e o canto das cigarras, é possível entender por que Goiás é mais do que um destino turístico: é um lugar onde o Brasil se vê refletido — com todas as suas belezas, contradições e esperanças.
Serviço — Visite a Cidade de Goiás (Goiás Velho)
📍 Localização: Cidade de Goiás, interior de Goiás, a cerca de 140 km de Goiânia
🏛️ Destaques: Centro Histórico tombado como Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco, Museu Casa de Cora Coralina, Igreja do Rosário, Mercado Municipal, Morro do Cantagalo, casarões coloniais e festas tradicionais como a Procissão do Fogaréu
📅 Melhor época para visitar: Entre março e julho (clima mais ameno e seca); Semana Santa é um dos períodos mais movimentados
🎭Eventos tradicionais: Procissão do Fogaréu, Festival Internacional de Cinema Ambiental (FICA), Festa de Nossa Senhora do Rosário
🍽️ Gastronomia: Pequi, empadão goiano, pamonha, doces cristalizados e o famoso arroz com suã📌 Como chegar: De carro, pela GO-070 ou GO-164; há também opções de vans e ônibus saindo de Goiânia
🏨Onde ficar: A cidade oferece pousadas charmosas, hospedagens históricas e opções mais econômicas no centro
🔗 Dica: Para quem deseja mergulhar na história local, vale a pena contratar um guia turístico credenciado e visitar o Museu das Bandeiras e os ateliês de artistas locais.