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Palácio Conde dos Arcos: História da Antiga Capital de Goiás

O Palácio Conde dos Arcos é um retrato vivo da história de Goiás. De residência de governadores à casa da cultura, o edifício segue como símbolo de poder, memória e identidade da antiga capital. Visitar seus corredores é viajar no tempo e compreender como o ouro, a política e a tradição moldaram o Brasil Central.


Foto por Sarah Yasmin Pereira Marques, via Wikimedia Commons, sob licença CC BY-SA 4.0
Foto por Sarah Yasmin Pereira Marques, via Wikimedia Commons, sob licença CC BY-SA 4.0

Na charmosa Cidade de Goiás, antiga Vila Boa, ergue-se um dos mais importantes marcos da história política do Brasil Central: o Palácio Conde dos Arcos. Muito mais do que um edifício, ele simboliza o poder, a transformação e a memória de uma época em que o ouro movimentava a vida e a Coroa Portuguesa ditava o destino da região.


Da Capitania de São Paulo à Autonomia Goiana


Quando os bandeirantes chegaram à região em 1722, Goiás ainda estava sob o governo da Capitania de São Paulo. Essa condição só mudou em 1748, quando foi criada oficialmente a Capitania de Goiás, ganhando governadores próprios.


Foi nesse cenário que surgiu a necessidade de uma sede condizente com o cargo. Quando Dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos, chegou a Vila Boa, percebeu que não havia nenhuma residência à altura de um governador. Comunicou então a situação ao rei Dom João, que autorizou a construção de uma residência oficial.


O Nascimento da “Casa Chata”


Em 1751, foram compradas cinco casas pertencentes a Domingos Lopes Fogaça por 6.333 oitavas de ouro — valor registrado em escritura lavrada em 20 de julho daquele ano. As casas foram demolidas, e em seu lugar começou a ser erguido o Palácio do Governo, em estilo barroco. Devido ao seu formato comprido e imponente, a população apelidou a construção de “Casa Chata”.


O projeto começou sob o comando do Conde dos Arcos e foi finalizado por seu sucessor, o Conde de São Miguel.


Reformas e Transformações ao Longo dos Séculos


O Palácio Conde dos Arcos passou por diversas transformações ao longo do tempo. Em 1854, recebeu sua primeira grande alteração, com a construção de um refeitório. Mais tarde, em 1867, foi ampliado com um terraço lateral e pilares, além de ganhar esculturas inspiradas em filósofos e deuses da mitologia grega. Nesse mesmo período, também foi incorporada ao espaço a famosa mesa de pedra-sabão, obra do artista Cincinato da Mota Pedreira, atualmente preservada no Museu das Bandeiras.


Com a mudança da capital para Goiânia, em 1937, o palácio deixou de ser a sede oficial do governo e passou a abrigar a Prefeitura Municipal da Cidade de Goiás. Já em 1961, no governo de Mauro Borges, o edifício foi reconhecido como monumento histórico e transformado em residência de inverno dos governadores. Desde então, todos os anos, no dia 25 de julho, quando a cidade celebra seu aniversário, a capital de Goiás é simbolicamente transferida para lá por alguns dias.


Nas décadas seguintes, o prédio recebeu novas reformas, ganhou móveis antigos adquiridos junto a famílias vilaboenses e antiquários, além de lustres e telhados que marcaram sua fase de revitalização. Por fim, em 1987, o governador Henrique Santillo deu ao espaço um novo propósito: o transformou oficialmente em Centro Cultural Palácio Conde dos Arcos, abrindo suas portas à arte, às exposições e ao público em geral.


Um Tesouro Cultural


Com mais de 30 cômodos e três pátios internos com jardins — o maior deles em estilo português —, o Palácio Conde dos Arcos impressiona por sua estrutura e acervo. Hoje, além de preservar peças de mobiliário histórico, esculturas e objetos de época, o edifício é espaço de memória e cultura, conectando passado e presente.


Curiosidade


Por seu peso simbólico, o palácio era visto com respeito e até certo receio. Diz-se que alguns governadores preferiam não dormir no prédio em tempos de crise, temendo pressões populares ou políticas.

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