1º TORNEIO JORNAL CRIMEIA DE PALITINHOS
“O Jornal Crimeia, em parceria com a comunidade, realiza entre fevereiro e abril de 2013 o 1ª Torneio de Palitinhos do bairro. O evento vai ocorrer entre os dias 10 de fevereiro e 07 de abril. As inscrições podem ser feitas nos bares onde serão realizadas etapas do torneio até momentos antes da 1ª eliminatória”. Esta foi a abertura da primeira matéria feita no Jornal Crimeia para a realização do torneio publicada no Jornal Crimeia no mês de janeiro de 2013. Posteriormente, foram registradas, em mais duas edições do jornal, as etapas eliminatórias em bares da região, até a final realizada no Aqui Chopp na Praça do Crimeia Leste. Na época, o torneio movimentou a comunidade também nas etapas eliminatórias no Bar do Afonso, Carneirinho Bar, Bar do Seu Jerônimo e Bar do Walter. Neste resgate de histórias do Jornal Crimeia para a plataforma #entocados da A Toca Coletivo, trazemos a matéria final, com alguns adendos, mostrando a atmosfera da competição, os vencedores e uma crônica sobre o jogo no bairro que era febre no Crimeia de tempos atrás, publicada no jornal, feita pelo jornalista e publicitário crimeiense Ricardo Edilberto, o criador do Festival Juriti de Música e Poesia Encenada, que mostra como era a atmosfera do jogo na época.
Boa leitura e boa viagem!
Carlos Pereira
VENCEDORES DO 1º TORNEIO JORNAL CRIMEIA DE PALITINHOS
A grande final do 1º Torneio de Palitinhos do Jornal Crimeia foi realizada no Aqui Chopp dos amigos Zó e Tico, na Praça do Crimeia Leste. Na final, Benjamin vidraceiro venceu Valdir fotógrafo e foi o grande campeão. Prêmio: Troféu de 1º lugar e uma caixa de cerveja. Valdir Recebeu o troféu de 2º lugar e 15 cervejas. Nem. que ficou na 3ª posição, 12 cervejas e troféu. Na 4ª posição ficou este jornalista que não recebeu nada mas eu, Carlos Pereira afirmo: Valeu a pena organizar e participar do evento.
Na grande final no Aqui Chopp lotado, estavam muitas famílias, maridos, esposas, filhos, todos se confraternizando com um churrasco promovido pela organização do evento. Agradecimentos ainda ao Carneirinho Chopp, onde foi realizada a primeira eliminatória, ao Bar do Afonso, local da segunda eliminatória, os troféus foram doados pelo crimeiense Mazinho. Agradecimento ainda ao Torneirinho pela doação de carne para churrasco e a todos que contribuíram na organização do evento.
O jogo de Palitinhos sempre foi uma tradição do Crimeia Leste desde os tempos de futebol de várzea no Bar do Seu Jorge, Bar do Nelson, do Seu Jerônimo, do Walter, Aqui Chopp, Tropeção, Letão e outros. Foi um um tempo de confraternização que deixou boas lembranças para a comunidade.
Carlos Pereira
Jornal Crimeia - Maio de 2013
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CRÔNICAS DO CRIMEIA
A turma do palito
Penso que era assim: um a um eles íam chegando. O primeiro anunciava sua presença, sentava e tomava uma cerveja ou uma cachaça, ou os dois. Enquanto os amigos não apareciam, passava o tempo tamborilando na mesa, assoviando, cumprimentando os vizinhos, observando o menino que esgaravatava a terra ou outra cena típica de um bairro qualquer. Instantes depois, surge mais um... E mais outro e mais outros... Todos conhecidos há muito. Vez por outra, penetrava um gaiato na roda, que acabava se tornando vítima do "U-U", som produzido pelos integrantes permanentes do jogo de palitinho, também conhecido como purrinha, no Bar da Irene, momentos antes de principiar o almoço de cada dia.
Começavam os palpites: 13, 16, 9, 18... Creio eu que o "U-U" nada mais era do que a combinação dos jogadores veteranos para desnortear o palpite do gaiato. Agora, fosse o que fosse, era muito engraçado: um monte de homem barbado batendo o punho fechado na mesa e falando "U-U" um pro outro. Coisas do Crimeia. E em meio a petiscos, fofocas, provocações, verdadeiros debates sobre futebol, música, mulher, política... kkkkkkkkkkkkkkkkkkk, kkkkkkkkkkkkkkkkkk, kkk, era seu João Lico numa longa, gostosa e estrondosa gargalhada anunciando o acerto do número de palitos, e o consequente não pagamento das cervejas da rodada. Tinha ainda uma passada de mão no queixo dos adversários, pra humilhar mesmo. É como se você estivesse ganhando uma partida de futebol por 5 a 0 e começasse a dar caneta e chapeuzinho no time oponente.
Continuando o jogo... As regras da purrinha variam de lugar pra lugar. No Crimeia, os primeiros a acertarem a quantidade total de palitos saíam no "estouro", ou seja, ficavam fora do resto da rodada. Os dois últimos seguiam numa disputa mais complicada. Se a memória não me falha, haviam duas modalidades: "2 tiros", com o ganhador acertando a mão do jogo duas vezes seguidas; ou simplesmente, a cada acerto, descendo os palitos um a um, sagrando-se vencedor aquele que adivinhar 3 vezes a quantidade de palitos nas mãos primeiro. Ao perdedor, a conta. Pode parecer um jogo de sorte e azar, e é. Mas vale também a malandragem e a psicologia. Confiança na "cantada" é fundamental. E é preciso ficar de olho nos mágicos que, entre outras artimanhas, escondem palitos entre os dedos.
Sei que a turma do palito ainda se encontra, firme e forte, no Bar da Irene. Hoje, nem todos participam das disputas. Mas os laços de amizade criados em torno da purrinha, que talvez seja o mais popular dos jogos de boteco do Brasil, permanecem. É o que importa. No mais, é levar a vida. E do jeito que ela vier são 3 palitos.
Ricardo Crimeia/Janeiro de 2013
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