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Foto do escritorCarlos Pereira

A VOZ DO SILÊNCIO

Era uma manhã de maio de 2014, Rosilene da Silva Guimarães, então moradora do Crimeia Leste e agente de saúde, chega sorridente com a filha Luana Sayonara em minha casa aqui no Crimeia Leste para verificar os focos do mosquito da dengue. Um cafezinho, conversa vai, conversa vem, ela me falou com orgulho da filha dela, Luana Sayonara, que amava os animais, era portadora de doença auditiva e tinha o sonho de se formar em veterinária. Me contou, com um brilho nos olhos de felicidade, das dificuldades e das barreiras vencidas na comunicação com a filha. Admirado, propus uma entrevista sobre a história delas no Jornal Crimeia. Ela topou na hora. E é esta rica história de comunicação, fé e amor que trazemos na plataforma #entocados desta terça-feira de resgate do Jornal Crimeia. Pelo facebook vi, há um tempo atrás, um post onde Luana mostra que conquistou seu sonho de se formar em veterinária. Infelizmente, também pelo facebook, fiquei sabendo, recentemente, que Rosilene nos deixou depois de uma luta difícil contra um câncer.

Carlos Pereira 02/08/2022

“A sociedade tem que aprender a se comunicar com a gente”

Vivemos em um mundo de sons e, muitas vezes, não percebemos outros ruídos, outras batidas, outras vozes, outras formas de comunicação. Pessoas que vivem em um mundo silencioso e rico, paralelo e ao mesmo tempo integrado ao nosso, é o foco desta entrevista. É bom lembrar que esta entrevista, que quase não ocorreu, foi feita por acaso, mas pensada tempos atrás em uma conversa com a amiga Veruska que trabalha como intérprete de Libras, a Língua Brasileira de Sinais, criada para as pessoas que, por algum motivo, ficaram surdas e foram privadas dos sons que ouvimos. Luana, 15 anos (nascida surda) e sua mãe Rosilene apareceram em um domingo de manhã em minha casa no Crimeia Leste. Coincidência ou não, estava com infecção de ouvido e quase não fui à porta atender pensando, com o ouvido doendo, se tratar daquelas visitas “indesejadas” de domingo de manhã. Luana, acompanhada da mãe, estava colhendo alimentos para uma campanha do Colégio Militar Hugo de Carvalho Ramos, onde estudava. Cheguei à porta e vi as duas conversando por meio de sinais. UM ESTALO. A ideia da sonhada entrevista sobre os deficientes auditivos que vejo circular pelo Crimeia desde a minha infância veio na hora. Convidei as duas para entrar. Contribuí com a campanha destinada a entidades beneficentes. Mostrei à elas o Jornal Crimeia e propus a entrevista que foi aceita na hora pela simpática e aguerrida Luana; e pela batalhadora mãe Rosilene, que já sofreu muito, mas nunca deixou de lutar para se comunicar com a filha e de procurar caminhos para que ela se comunicasse melhor com o mundo exterior.

Boa viagem a todos

Carlos Pereira

Jornal Crimeia, edição 71, maio de 2014

Entrevista

Luana Sayonara Souza Guimarães (14 anos - nascida surda)

Rosilene da Silva Guimarães (mãe de Luana)

Jornal Crimeia - Há quanto tempo vocês estão aqui na região do Crimeia Leste?

Rosilene - Eu moro aqui há 33 anos. Tinha 3 anos quando cheguei no Crimeia. Nem asfalto tinha.

Jornal Crimeia – Quantas pessoas existem aqui no Crimeia com deficiência auditiva?

Rosilene - Tem a minha filha e uma outra família que mora também há muito tempo aqui no Crimeia. Conheci eles através da minha filha e da faculdade. A Maria Cláudia (também surda) estuda comigo no curso Letras Libras da UFG. A família toda lá tem problema de audição, mas eu não sei o motivo. Desde que descobri o problema com a minha filha passei a ter contato com muita gente que vive neste universo.

Jornal Crimeia – E a sua filha, o que ocorreu?

Rosilene – Eu tive rubéola na gestação. Na época, a gente não tinha muita informação sobre esta possibilidade, ou seja, se você não toma a vacina antes de engravidar, e contrai o vírus durante a gestação, corre o risco de atingir o bebê. Foi o que aconteceu. Má formação fetal. Pode causar problemas mentais, cegueira, deficiência auditiva, física e vários outros sintomas. A minha filha, graças a Deus, só teve comprometida a audição.

Jornal Crimeia – E o problema dela não tem jeito?

Rosilene – Tem a possibilidade de cirurgia de implante, mas a gente resolveu não fazer porque a identidade surda dela já estava formada e a cirurgia é de risco, pode ter rejeição e pode não ter o efeito desejado, como uma cirurgia de transplante de rins ou coração, por exemplo. Abre a cabeça e é feito o implante no cérebro. Hoje ela já integra a comunidade surda e convive muito bem com o meio social mesmo com o problema auditivo. Eles têm uma língua própria que é a Libras - Língua Brasileira de Sinais.

Jornal Crimeia – E você Rosilene, como foi pra você viver neste mundo?

Rosilene – Foi muito difícil. Já chorei muito na luta para tentar me comunicar com a minha filha. Até há pouco tempo não sabia me comunicar direito por sinais. Melhorei muito depois que entrei no curso Letras Libras da UFG. Eu queria que minha filha falasse, ouvisse. Não aceitava o que estava acontecendo. Quando entrei na universidade, fui percebendo que a comunidade surda convive muito bem neste mundo, que eles se comunicam entre eles e se entendem muito bem. Foi a minha filha que tomou a atitude de me trazer para o mundo dela. Ela chegou um dia e, utilizando a língua de sinais, que já tinha conhecimento, me perguntou: mãe, por que você quer que eu ouça? A gente não se comunica? Eu não tenho nenhum problema grave. (Pedi a Rosilene para falar utilizando também a língua de sinais, para que Luana interagisse com a entrevista). Ela tinha 10 anos. Ela disse: mãe, eu acho que quem tem problema é a sociedade que tem que aceitar a minha surdez. A gente então estava se comunicando através da LIBRAS, que é reconhecida como outra língua qualquer, o inglês, espanhol, etc.


Jornal Crimeia – Você queria então de todo jeito que ela falasse e ela falou, mas do jeito dela.

Rosilene – Eu queria que ela falasse e ouvisse antes dos 10 anos. A gente fazia terapia. Ia pra fonoaudióloga. Quando entrei na universidade, comecei a observar porque o surdo tem esta língua.

Jornal Crimeia – Como foi quando você descobriu que a sua filha ela surda?

Rosilene – Comecei a entender, ver que ela tinha algum problema aos 9 meses de nascida. Aí eu fui ao médico e disse: eu acho que a minha filha tem algum problema. O médico nem deu atenção. Disse para ter calma. Que não tinha problema nenhum e me mandou embora pra casa. Em casa mesmo comecei a fazer os exames porque tinha a intuição que algo estava errado. Batia porta e ela não se manifestava com o barulho. Continuava brincando. Fui a outro médico. Falei: olha, a minha filha não ouve, ela não fala. Com cinco meses ela balbuciava e depois foi parando. De novo, o novo médico me disse pra não me preocupar, porque não tinha problema nenhum. Mas eu insisti e fui atrás de uma fonoaudióloga no Hospital das Clínicas. Foi aí, em um exame de cinco minutos que tive a certeza, pela primeira vez, que minha filha tinha problema de audição. Foi um choque. Naquela época, há cerca de 13, 14 anos atrás, o SUS não fazia os exames de graça. Eu não tinha dinheiro. Eu lembro que fiz uma rifa já que os exames eram caros. Fui de casa em casa pedindo ajuda com a rifa na mão. Um mês depois fizemos os exames. Levei ao otorrino, pago também, e foi comprovada a surdez. O médico simplesmente pegou os exames e me disse: “a sua filha é surda, ela nunca mais vai falar...”. Foi um choque. Eu estava totalmente anestesiada e o médico falando como se fosse uma coisa normal, corriqueira. Ele não me preparou. Eu não estava preparada para receber aquela notícia. Foi muito difícil. Ela já estava com um ano e oito meses. Foi quase um ano de angústia até descobrir a verdade que me deixou ainda mais angustiada.

Jornal Crimeia – E a partir daí, como foi que as coisas aconteceram?

Rosilene – Estava atordoada. Não sabia o que fazer. A minha filha é surda? Naquela época, há 13 anos, não tinha noção do que era. Não recebi nenhuma orientação. Onde ir, como e com quem conversar, o médico não me disse nada. Fiquei sem chão. Naquela época, a internet era de difícil acesso. A gente não tinha muita informação. Fui pesquisar. Fui em uma fonoaudióloga da UCG que tinha o sistema oralista (não usa Libras, a língua de sinais). Eles diziam que o surdo precisa aprender a falar pra não ser rejeitado na sociedade. Fiquei feliz, mas não deu certo. A minha filha estava ficando triste, chorona. Chegava lá dava birra com gestos. Ela tinha dois anos já. Pensei: se ela chora, ela não está gostando, ela quer outra coisa pra se comunicar. Depois encontrei o Centro de Apoio ao deficiente auditivo na Nona Avenida, Vila Nova.

Jornal Crimeia – Quando é que vocês conseguiram dialogar pela primeira vez?

Rosilene – Foi muito difícil. Eu tive que aprender a língua de sinais. A gente só brigava. Porque eu era uma mãe frustrada. Eu não tinha estrutura, nem financeira e nem psicológica para viver aquela situação. Não tive orientação nenhuma. Ela batia em mim de dar murro. Porque ela queria alguma coisa e eu não entendia. Eu retrucava batendo na mãozinha dela. Era uma guerra de surdos. Eu só oralizava batendo na mãozinha dela e dizendo que não podia fazer aquilo. Não pode, não pode fazer isto com a mamãe. E ela continuava tentando se comunicar comigo do jeito dela, mas não existia comunicação. Eu não entendia o que ela queria e ela não ouvia o que eu dizia. Quando cheguei ao Centro de Apoio, tinha psicóloga, fonoaudióloga. Eles me explicaram: "mãe, você precisa aprender a língua de Libras. Foi em 2010. Eu não queria. Pensava que minha filha ia ficar preguiçosa e nunca iria querer falar. Ainda tinha esperanças de que ela falasse. Ela já estava no Centro de Apoio. Aí, percebendo que minha filha estava melhorando, se comunicando com as pessoas no Centro de Apoio, fui cedendo e resolvi aprender também a língua de sinais.

Jornal Crimeia – Como foi o primeiro diálogo com a sua filha a partir desta situação?

Rosilene – Foi umas 3 semanas depois que ela já estava no Centro de Apoio. Ela já tinha dois anos e meio. Explicaram para ela o sinal de água. A palavra água. Pegou um copo e mostrou pra ela. Eu também já havia aprendido este sinal. Aí, em casa, pela primeira vez ela não me bateu pra pedir as coisas. Ela fez o sinal, a gente se olhou, e eu fui pegar a água pra ela. Ela sorriu. Foi muito mágico este momento. Pela primeira vez, depois de muita angústia, estava me comunicando com a minha filha. Eu recebi a informação que foi transformada em uma ação. Este momento foi muito importante pra nós. Pensei: é isso. Agora sim, estou no caminho certo: Vou aprender a língua dela. É como ela vai se comunicar com o mundo. As fonos me diziam: mãe, o que você vê você mostra a sua filha. O surdo usa muito o espaço visual. Aí você mostra a figura e o sinal correspondente. Eu sempre andei muito de bicicleta trabalhando no combate a dengue. Levava a minha filha. Um dia paramos em um pet-shop e começamos a identificar os bichos. Um pato, um peixe. (Fazendo sinais, pergunta à filha). O que mais? (A filha responde com sinais): um cachorro (risos). Aí fomos evoluindo, mas até os dois anos e meio, mais ou menos, sofri muito, foi muito difícil. Eu só queria que ela ouvisse. Ser diferente nessa nossa sociedade é muito ruim. Eu me sentia culpada por ter gestado uma criança diferente. Pensava: meu Deus, o que fiz de errado?

Jornal Crimeia – Você criou ela sozinha?

Rosilene – Eu tive o pai dela até os 10 anos de idade. Mas infelizmente o pai não entendia muita coisa e nunca conseguiu se comunicar direito com a minha filha. Ele sabia só o básico da língua de sinais. Eu tenho outro filho, o Joaquim. Está com cinco anos e não é deficiente auditivo. Ele já está também aprendendo a língua de sinais.

Luana começa a participar da entrevista

Jornal Crimeia - Pergunte a Luana se ela já sentiu algum tipo de preconceito (a mãe faz a pergunta por sinais).

Luana (Rosilene traduz) – No início eu sentia uma certa tristeza. Quando fiz 4 anos eu não sabia usar direito a língua de sinais, Não sabia como dizer pra quem dar o primeiro pedaço do bolo. O português é difícil, porque não é a minha língua. Depois com 9 anos, eu aprendi melhor o português. Hoje eu faço muita pesquisa na Internet. Eu estudo bastante. Gosto de saber o significado das palavras. Lá onde eu estudo, no Colégio Militar Hugo de Carvalho Ramos, quando a intérprete falta, as minhas colegas me ajudam, a Maria Antonia, a Giovana e a Ludmila. Elas são muito legais. Eu faço o nono ano e só eu tenho problema de audição na sala de aula. Sempre na minha vida tive dificuldade de me comunicar com a minha família. O meu pai sabe muito pouco. Tem que ter muita paciência. Já o Joaquim, meu irmão, a gente se comunica mais. Briga muito é verdade, mas é porque ele ainda é criança e, como toda criança, é teimoso (risos). Eu peço pra ele organizar as coisas. Ele é muito bagunceiro. Mas a gente se entende. É um processo natural.

Jornal Crimeia – E na escola Luana, como é que é o seu dia a dia?

Luana – Eu gosto de estudar. Eu vou ser médica veterinária. Eu gosto e quero aprender. Eu tenho preocupação com o meu futuro, com a minha vida. Eu sonho com um futuro melhor pra mim e pra minha família.

Jornal Crimeia – Mas e preconceito você sente ou não Luana?

Luana – Não. Eu nunca senti. Bom, a minha vida é diferente da de outras pessoas porque eu sou surda. As pessoas têm dificuldades de conversar comigo porque não conhecem a língua de sinais. Mas as pessoas gostam de mim. Eu sinto isso. Eu tenho um colega lá na escola onde estudo que também é surdo. Eu vejo que ele sofre algum tipo de preconceito. Ele tem dificuldade de interagir. Eu não. Ele fica mais quieto. A gente não pode ficar se escondendo. A minha mãe esteve comigo desde a minha infância. A minha mãe é meu pilar. Agora voltando ao meu futuro. Eu vou sempre agradecer a todos que, de uma forma ou outra, contribuíram para que eu me comunicasse melhor com o mundo. Tem algumas pessoas na escola que parecem ter ciúmes de mim por eu ser feliz, me acham metida. Eu acho que é porque elas não me conhecem. Não sabem nada do que eu sinto. Nada da minha vida. Eu percebo elas falando: que menina metida, enjoada…

Jornal Crimeia – É difícil o surdo se expressar pra outras pessoas né?

Luana – É. Mas eu não me importo. Não fico chateada. Não fico angustiada. O problema não é comigo, é com elas. Eu estou segura do que eu sou e do que quero da minha vida. Quero estudar e ser médica veterinária. Melhorar a vida da minha família. Nunca tive raiva do que eu sou. Eu não sou diferente. Os outros é que são diferentes. (Rosillene intervém) - Quando ela tinha dez anos, eu levei ela ao médico querendo fazer a cirurgia contra surdez. Ela me disse: Mãe, eu não quero. Eu sou feliz assim. Eu não sou diferente. A sociedade é que tem que aprender a se comunicar com a gente.

Jornal Crimeia – Como é o seu dia a dia? Como você se levanta, anda na rua?

Luana – É uma vida normal. Eu não ouço nada de um ouvido e consigo identificar ruídos no outro que tem 98 por cento de surdez. Sons mais estridentes como latido de cachorro. Tem que usar muito o lado visual. Com quatro anos aprendi a atravessar a rua. Sempre olhar para todos os lados. Tem que ter muito cuidado. Consigo ir e voltar pra escola sozinha. Mas atualmente estou indo com minha mãe. Pra acordar eu uso o celular no modo vibrador. Quando ele vibra eu sinto o tremor. Na escola tem a intérprete. É a Veruska, que mora aqui no Crimeia. (lembro a Luana e Rosilene que havia conversado com Veruska sobre fazer uma entrevista com os deficientes auditivos do Crimeia. Ligamos mas não conseguimos contato).

Jornal Crimeia – A cirurgia então está totalmente descartada?

Rosilene - Ah, sim. É uma cirurgia de risco que é feita quando é criança. Mas a Luana foi contra a cirurgia. Ela dizia: mãe eu sou normal, este é o meu mundo, eu estou bem assim. Eu nasci assim e sou feliz desse jeito.


Jornal Crimeia – Quantos anos você tinha quando e entendeu que era surda?

Luana - Eu tinha seis, sete anos mais ou menos. Quando eu fui pra escola, eu percebi que algumas pessoas ouviam e outras eram surdas. Comecei a perceber esta diferença então. Aí comecei a me identificar com as pessoas que eram surdas e a conversar com elas e fui entendendo melhor quem eu era. Eu nunca fiquei triste por isso. Eu sou feliz surda. Não tenho nenhum problema com isso. Eu não sofro com isso. Não tenho nem tristeza nem angústia com isso.

Jornal Crimeia – O seu sonho é ser médica veterinária né?

Luana –Sim. Eu gosto muito de animais. Tem também o salário que é bom (risos). Eu quero ajudar a minha família.

Jornal Crimeia – (Pergunta pra Rosilene). Você está estudando Letras/Libras só pra estar mais perto da sua filha?

Rosilene – Também. Estudo Letras/Libras com a Maria Claudia que mora aqui também no Crimeia. Ela é surda. Vamos formar juntas e ser professoras de língua de sinais. A família dela toda tem problema de audição. Eles moram há bastante tempo aqui no Crimeia.

Jornal Crimeia – Após esta resposta, perguntei a elas se queriam dizer mais alguma coisa como já é tradição no Jornal Crimeia: o depoimento final. Elas preferiram não fazer. Agradeceram e falaram que estavam muito felizes com a entrevista. Disse a elas que na verdade havia combinado com a Veruska de entrevistar justamente a família de Maria Claudia. Disse também que estava muito feliz com a entrevista e entramos em um bate-papo legal com o meu parceiro do Jornal Crimeia, Sinval Félix, o mano Ricardo e a cunhada Myrna que gravou em vídeo toda a entrevista.


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